O caso dos submarinos 'Papanikolis' a procura de novo dono!


O azedar de relações entre a empresa alemã TKMS e o governo da Grécia, que começou com o primeiro problema detectado com o submarino Papanikolis, o primeiro navio do que viria a ser conhecido como tipo U214, levou a que por um lado o fabricante denunciasse o contrato por falta de cumprimento por parte das autoridades gregas.

A essa denuncia de contrato seguiu-se nos primeiros dias de Outubro de 2009 uma confirmação do cancelamento aparentemente definitivo do contrato, quando o Estado Grego também cancelou a encomenda colocada aos estaleiros alemães.

A empresa alemã fica assim na posse de quatro submarinos do tipo U214, que é um equipamento de valor elevado, que não pode ser facilmente colocado noutra marinha.

Sabia-se que o primeiro navio do tipo, que tinha sido inicialmente rejeitado pela marinha grega, poderia ter sido proposto à marinha da Polónia. Vários rumores apontaram para a possibilidade de o navio poder ser oferecido a Portugal, como pagamento pela falha dos alemães em concretizarem as contrapartidas financeiras prometidas.

Esta última possibilidade foi prontamente descartada pelos portugueses, cuja justiça está a investigar a falta de cumprimento, tendo alegadamente encontrado matéria para processar os estaleiros alemães, não por qualquer questão ligada aos equipamentos propriamente ditos, mas por causa de eventuais fraudes no processo de contrapartidas financeiras.

O que fazer a quatro submarinos novos, sem comprador ?

A situação entretanto levantada não é muito comum. Nestes casos, uma das soluções é a aquisição dos equipamentos militares pelo próprio país fabricante. Mas a marinha da Alemanha utiliza outro tipo de submarino, com características diferentes e que responde a exigências específicas da marinha alemã, para operação em águas muito pouco profundas.

Sendo um U214 um submarino pensado para as águas oceânicas, a sua aquisição por marinhas normalmente costeiras não será uma opção das mais razoáveis e é por essa razão que a venda de uma unidade à marinha da Polónia não parece fazer muito sentido.

A Coreia do Sul, também comprou este tipo de submarino e tem planos para mais, mas está especialmente interessada em manter postos de trabalho nos seus estaleiros, pelo que os submarinos U214 foram todos construídos na Coreia, o que também deverá acontecer com os seguintes.

Outro país que também já encomendou submarinos U214 é a Turquia. Os turcos também têm planos pormenorizados para apoiar a sua própria indústria naval, e além disso não aceitariam adquirir submarinos que tinham inicialmente sido construídos para a marinha do seu principal rival, a Grécia.


Taiwan como possibilidade ?

Uma das soluções que poderá ter sido considerada pelo fabricante, é a oferta dos navios a Taiwan, que desde já alguns anos tem procurado no mercado alternativas para a substituição da sua pequena força de submarinos, constituída por dois navios entregues em 1987/1988, e por outros dois que foram lançados à água, um deles ainda antes de a Alemanha se ter rendido em 1945 e o outro em 1946.

Pelo menos dois dos submarinos de Taiwan precisam ser substituídos e não têm qualquer valor militar, sendo utilizados unicamente para treino de tripulações.

Taiwan tem tido grande dificuldade em encontrar um fornecedor de submarinos. As industrias europeias estão condicionadas pela pressão da China e empresas como a francesa DCN já foram avisadas dos riscos que correriam caso tomassem posições que entrassem em conflito com os interesses chineses.
O tradicional fornecedor de armamento a Taiwan são os Estados Unidos, mas este país não possui submarinos convencionais. Mesmo assim, a China já protestou quando os Estados Unidos forneceram equipamentos militares a Taiwan.

Há alguns anos, o desenvolvimento de sistemas norte-americanos para utilização pelos submarino espanhol S-80, uma versão do Scorpene francês, levantou a possibilidade de esse tipo de submarino ser parcialmente construído em Espanha, equipado nos Estados Unidos com sistemas americanos e posteriormente vendido para Taiwan.

No entanto o sistema espanhol, que testa um novo sistema de propulsão independente do ar, que como o U214 utiliza células de combustível, mas que não utiliza hidrogénio, tem sofrido vários atrasos de desenvolvimento.

A venda por parte da Alemanha de equipamentos sensíveis como este tipo de submarinos, pode ser considerada como inaceitável pela China.
Recentemente os chineses têm vindo a aumentar a sua capacidade anfíbia, dando claramente a entender que não excluem a possibilidade de agir militarmente contra Taiwan, território que os chineses ocuparam pela primeira vez no século XV e que consideram como parte do país.

As relações entre a Alemanha e a China poderiam ser postas em causa e os interesses alemães no país poderiam ser igualmente afectados. O mercado chinês é o mais importante mercado emergente do mundo e as autoridades chinesas têm feito valer esse argumento sempre que se trata de vendas de equipamentos militares a Taiwan.

No entanto, tem havido excepções. Entre elas encontram-se a venda de fragatas do tipo Lafayette e de caças Mirage-2000 para Taiwan.
No entanto, essas vendas foram feitas pela industria francesa, numa altura de estreitamento de relações entre a China e a França, estreitamento que era conveniente para os chineses, que beneficiavam com a transferência de tecnologia francesa para as suas próprias forças armadas.

Essas condições não se repetem no presente momento. Ainda recentemente, uma viatura automóvel francesa viu a sua venda no mercado chinês vetada, após o presidente francês ter recebido o Dalai Lama, líder no exílio do Tibete, outro dos países ocupados pela República Popular da China.

0 comentários:

Top Parceiros

 

Copyright © 2009 A R T E - B E L I C A™. Todos os direitos reservados.